“O bom é inimigo do ótimo”, é com essa frase que Collins começa a sua obra. Esse livro é um clássico livro de negócios mundo afora, best seller com mais de 4 milhões de cópias vendidas é fonte de inspiração para os maiores empresários e CEOs do mundo. A leitura é válida tanto para investidores quanto para empresários/gestores. Por que algumas empresas são excelentes enquanto outras são apenas boas? Por que empresas de mesmo setor, mesmo porte, enfrentando as mesmas dificuldades, chegam a resultados extremamente diferentes ao longo das décadas? São perguntas como essas que Jim Collins através de uma extensa pesquisa buscou responder.
O objetivo do autor e de seu time foi analisar empresas que conseguiram mudar de empresas boas para empresas excelentes e que não só conseguiram atingir o topo, mas também, permaneceram nele. Para tanto, Collins comparou as empresas do S&P500 que, por 15 anos, performaram em linha com o mercado, mas que nos 15 anos seguintes conseguiram ter um retorno de pelo menos três vezes acima do mercado. Ao filtrar as 500 maiores empresas americanas, apenas onze delas apresentaram esse perfil, o resultado delas foi equivalente a quase sete vezes o retorno da média do mercado. É um resultado impressionante, você não acha? Vamos ao ponto então, qual é a fórmula mágica que as empresas feitas para vencer tinham diferentemente das demais? A resposta é baseada na figura abaixo:
Em grande resumo, são três conjuntos principais: pessoas disciplinadas, pensamento disciplinado e ação disciplinada, tudo isso envolto de um volante (roda giratória) que demonstra que tão importante quanto ter os principais conceitos é a dedicação diária em torno deles que fará com que a empresa se torne excelente por bastante tempo.
CONJUNTO 1: PESSOAS DISCIPLINADAS
A primeira parte é totalmente ligada às pessoas que compõem a empresa. Esse nível é subdividido em "Liderança de Nível 5” e “Primeiro Quem…Depois o Quê”, vou explicar cada um deles:
→ Liderança de Nível 5
As empresas que conseguiram chegar à excelência contavam com líderes de nível 5, veja na imagem abaixo:
Líder de nível 5 é aquele que consegue combinar a ambição com a humildade, não está focado em abastecer o próprio ego mas nas conquistas da empresa. Ele não quer ser tratado como super herói, mas sim focar em construir uma empresa através de incansável trabalho, dividindo as conquistas com os demais membros da empresa e assumindo para si a responsabilidade quando alguns projetos não saem como esperado. Além disso, ele incentiva o nascimento de novos líderes e pensa na sua sucessão, fazendo com que a empresa consiga permanecer em alto nível mesmo após a saída dele.
→ Primeiro quem… depois o quê
A empresa vencedora não é composta apenas de um líder nível 5 mas, também, por uma equipe vencedora. Muito mais importante do que estabelecer processos e metodologias, é fundamental contar com pessoas excelentes na equipe. Ele diz, com outras palavras, o seguinte: o ideal está em: contratar caráter e treinar as habilidades. Tendo as pessoas certas, basta acomodá-las nos lugares apropriados que os resultados virão, é muito mais fácil motivá-las e gerenciá-las. Veja o esquema abaixo para exemplificar o pensamento do autor:
Também são revelados três regras fundamentais em relação às pessoas:
- Na dúvida sobre um potencial funcionário? Então não contrate! Melhor não ter alguém, do que ter alguém errado naquele lugar.
- Quando você precisa fazer alguma mudança, não hesite, aja!
- Inclua suas melhores pessoas em suas melhores oportunidades, não em seus maiores problemas.
Dica extra: as equipes executivas das empresas vencedoras são formadas por pessoas que buscam debater acaloradamente em busca das melhores respostas, mas que se unem em torno das decisões, independentemente de ego.
CONJUNTO 2: PENSAMENTO DISCIPLINADO
→ Enfrente a verdade nua e crua (Mas nunca perca a fé)
Este capítulo se refere a enfrentar de peito aberto as dificuldades que estão aparecendo e ter disciplina e foco de atuar na solução, sem perder a fé implacável de que, no final, o resultado será alcançado. Ele ressalta que a humildade de reconhecer erros e de, principalmente, criar uma cultura na qual as pessoas tenham a oportunidade de serem ouvidas é muito importante.
Segundo o autor, o processo de criar um clima em que a verdade prevaleça envolve quatro elementos básicos:
- Lidere com perguntas, não com respostas.
- Envolva-se no diálogo e no debate, não na coação. Debater calorosamente em busca da melhor solução foi fato comum nas empresas vencedoras.
- Faça autópsias, mas não jogue a culpa nos outros.
- Monte mecanismos de “bandeira vermelha” que transformem meras informações em informações que não podem ser ignoradas.
Dica extra: consumir tempo e energia “motivando” as pessoas é esforço desperdiçado, pessoas boas se auto motivam. A verdadeira questão é como não desmotivar elas, e escutar, é uma forma de não desmotivar.
→ O conceito do porco-espinho ( A simplicidade dentro dos três círculos)
O capítulo começa com o autor explicando a metáfora do porco espinho, segundo ele o animal só tem uma habilidade em que é muito bom: se defender. Ele faz uma bola quando ameaçado e com seus espinhos se protege. Diferente da raposa que vive tentando pegar o porco espinho. Ela é um animal ágil, inteligente e engenhoso, mas que na prática não consegue pegar o porco espinho que sempre se defende com seu formato de bola e espinhos. O que ele quer dizer então, é que ser bom em muitas coisas, pode não ser suficiente (inteligente, ágil, engenhoso como a raposa) basta talvez, ser o melhor em algo (se defender, como o porco espinho) para que o resultado seja alcançado com sucesso.
É fundamental que a empresa compreenda em que atividade ela pode ser a melhor do mundo, aliada a paixão que ela tem por aquilo e que possa gerar resultados financeiros através do atingimento dela. Veja como o autor relata essa questão graficamente:
O autor também destaca a importância de se ter um conselho de gestão, ele pode facilitar para que o resultado seja alcançado continuamente. O objetivo do conselho seria revisar os processos e o panorama de mercado para garantir que a empresa esteja no caminho certo. Outro dado relevante apresentado pelo autor se refere ao fato de que não foi a estratégia ou o tempo destinado em estratégia que fez com que os resultados das empresas fossem alcançados, mas sim a contínua implementação de processos e o foco no seu resultado que gerou as empresas vencedoras em si.
CONJUNTO 3: AÇÃO DISCIPLINADA
→ Uma cultura da disciplina
O segredo do sucesso de uma empresa está no desenvolvimento de uma cultura onde as pessoas sejam auto disciplinadas com foco nos três círculos da empresa. É necessário que os colaboradores se engajem de corpo e alma nos ideais da empresa que, em contraparte, deve fornecer a elas, a liberdade e responsabilidade de atuação. Não obstante, as culturas organizacionais burocráticas surgem do fato de termos as pessoas erradas no barco, portanto, novamente, não as tenha.
→ Aceleradores Tecnológicos
Usar a tecnologia a favor do crescimento da empresa é fundamental, mas cuidado para não entrar no uso de tecnologias modinha e que na prática não são ligadas ao conceito porco-espinho da empresa, foi assim que as empresas vencedoras se destacaram, elas usaram a tecnologia como um acelerador e não como um gerador de energia. Das empresas “feitas para vencer”, 80% dos executivos delas nem mencionaram a tecnologia como um dos fatores de transformação fundamentais para o sucesso da empresa.
O CONJUNTO COMPLETO: A RODA GIRATÓRIA (VOLANTE)
Nenhuma transformação nas empresas que foram de boas para ótimas aconteceu do dia para a noite, não houveram fatores únicos determinantes e sim o contexto todo dos conjuntos evoluindo cada qual em sua tarefa. As transformações seguem um padrão de acontecimentos até que se tornem parte da cultura da empresa, é o conceito do volante que o autor bem explica no texto:
“Quando se está tentando girar um volante gigantesco e pesado, é necessário muito esforço para conseguir que ele ao menos se mova; porém, se estiver sendo impulsionado com persistência numa direção constante, por um longo período, o volante acumula impulso e acaba atingindo um ponto de ruptura.”
As empresas ótimas construíram seu momento dia-a-dia atuando com pessoas e pensamentos disciplinados até atingirem o ponto de ruptura, tornando-se vencedoras.
CONCLUSÃO
O livro "Empresas feitas para vencer" é um clássico sobre o mundo dos negócios e uma leitura obrigatória para analistas, gestores e empresários. A construção de uma empresa vencedora se dá pela soma do tripé: pessoas, cultura e ações disciplinadas e integradas em um mesmo objetivo. No fim, é um conceito simples de ser compreendido, mas difícil de ser aplicado na integridade, o que diferencia as empresas vencedoras de todas as demais.
Créditos e Conteúdo Original: https://www.musacapital.com.br/post/resumo-do-livro-empresas-feitas-para-vencer-de-jim-collins