O livro “Psicologia Financeira: lições atemporais sobre fortuna, ganância e felicidade”, de Morgan Housel, é, sem sombra de dúvida, um dos livros mais bem escritos sobre finanças comportamentais, investimentos e planejamento financeiro pessoal. Coloco ele como leitura obrigatória para todos os jovens com o objetivo de lhes poupar tempo e recursos, evitando assim uma infinidade de erros crassos que a grande maioria das pessoas acaba cometendo quando se trata de finanças pessoais em sua fase inicial da vida e que muitos replicam por anos a fio. O livro “A Psicologia Financeira” está no mesmo patamar de outras leituras obrigatórias nessa fase inicial da vida tal como: O Homem Mais Rico da Babilônia, Pai Rico Pai Pobre e Os Segredos da Mente Milionária - reafirmo, todas pessoas deveriam ler esses 4 livros no máximo até o ensino médio. Mas como nem todos (me incluo nessa relação) conseguiram ler essas 4 obras primas antes dos 20 anos, hoje vamos abordar e resumir a brilhante obra de Morgan Housel. Ressalto: nunca é tarde para melhorarmos nossa inteligência financeira.
O livro é dividido em 20 capítulos nos quais em 18 ele apresenta grandes lições que podem e devem ser implementadas por todos. Tentarei de modo objetivo resumir cada um deles. O capítulo 19 é um resumo das principais ideias e no 20 o autor comenta as suas experiências pessoais. De imediato, quero entregar a principal premissa do livro: “o sucesso financeiro tem menos a ver com a sua inteligência e muito mais a ver com o seu comportamento. A forma como alguém se comporta é uma coisa difícil de ensinar, mesmo para pessoas bastante inteligentes”. O campo das finanças
comportamentais cada vez mais tem sido explorado pelos economistas e por psicólogos, sendo motivo inclusive de prêmio Nobel a um deles. Desse modo, Housel enfatiza que mesmo pessoas extremamente inteligentes podem cometer erros que os impeçam de ter sucesso financeiro devido ao descuido com a questão comportamental.
Feita a devida introdução, vou resumir cada um dos 18 tópicos do livro:
1. NINGUÉM É MALUCO - Suas experiências pessoais com dinheiro respondem por mais ou menos 0,00000001% do que acontece no mundo, mas por cerca de 80% da forma que você acha que o mundo funciona.
Cada pessoa e suas decisões sofrem influência direta das pessoas as quais ela conviveu e as experiências que tiveram em suas vidas. Ter vivenciado uma crise pode tornar alguém mais pessimista e achar que a todo instante uma nova crise retornará. Para contextualizar, conheço muita gente da geração dos Baby Boomers e X (Nascidos entre 1940 e 1980) que tem uma dificuldade muito grande em investir no mercado financeiro. Basicamente por não confiarem no sistema, tendo em vista que a sua vivência durante a adolescência era de um país com sistema financeiro fraco e inflação nas alturas. A visão deles sobre o mercado financeiro é totalmente diferente dos Millennials e da geração Z (Nascidos entre 1981 e 2010), pois esses aproveitaram a estabilidade que o plano real trouxe e têm mais crença no sistema financeiro como um todo. Temos que entender isso, pois, para podermos ter sucesso, os processos de investimento devem ser racionais e não emocionais - e isso fará toda diferença no resultado final.
2. SORTE & RISCO - Nada é tão bom nem tão ruim quanto parece
Existe uma linha muito tênue entre sorte e fracasso. A cada decisão que tomamos, abrimos várias portas, mas fechamos outras tantas. E, para cada decisão de sucesso, existem muitas outras de fracasso. Às vezes, pessoas que tiveram muito sucesso apenas estavam no lugar certo e na hora certa com as ferramentas certas e assim conseguiram alcançar a exponencialidade do sucesso. Desse modo, temos que ter muito cuidado para criticar as pessoas, afinal você pode estar no lugar delas em breve. Aquele amigo que decide empreender com algo diferente pode estar vendo algo de oportunidade que você jamais conseguirá ver, pois as suas experiências de vida limitam a sua visão. Cada pessoa tem uma visão para o mesmo acontecimento.
3. NADA É O SUFICIENTE - Mesmo quem já é rico comete loucuras.
Já tenho o suficiente… No que tange a acúmulo de patrimônio e riqueza, poucas pessoas na minha vida viram algo assim. As pessoas tendem a subir a régua a cada objetivo alcançado e muitas vezes não desfrutam das conquistas. Escreva suas metas e preocupe-se em ter o seu “suficiente”. Não cometa o erro (comum) de ficar o tempo inteiro subindo a régua da liberdade financeira. Nunca teremos o suficiente se fizermos isso. Pare de se comparar com os outros, sempre haverá alguém melhor que você. Se você não é o mais rico da roda, está tudo bem. A vida é assim. Você pode não ter se dado conta e já ter o suficiente. Não vale a pena sacrificar saúde e bem estar por status e recursos além da sua própria linha de necessidade. E o mais importante: não abra mão da sua reputação, liberdade, família e da felicidade; isso é inestimável.
4. COMPOSTOS E CONFUSOS - mais de 90% do patrimônio atual de Warren Buffett foi ganho após os 65 anos de idade. Nossas mentes não possuem ferramentas para lidar com tais absurdos.
Direto e rápido nos meus comentários sobre esse capítulo: entenda sobre juros compostos e, depois disso, deixe a matemática agir. Juros compostos aliados ao fator tempo são a maior maravilha do mundo.
5, FICAR RICO X CONTINUAR RICO - um bom investimento não tem a ver necessariamente com tomar boas decisões, mas, sim, com ser consistente em não errar.
Evite a todo custo o risco de ruína financeira. Não corra riscos desnecessários. Muita gente que se expõe a riscos absurdos pode ter ganhos rápidos, entretanto, assim como constroem fortunas rapidamente, também as perdem rapidamente. Avalie os riscos que você está correndo e pense se estão de acordo com o seu perfil. Prefira ser constante e menos volátil do que correr riscos de perder tudo. Continuar jogando o jogo e sobreviver é fundamental para colher bons frutos no longo prazo. Parafraseando o livro: “ a capacidade de permanecer ativo por muito tempo, sem se apagar ou ser forçado a desistir, é o que faz diferença de verdade”
6. DEVAGAR E SEMPRE - você pode estar errado metade das vezes, e, ainda assim, ficar milionário.
Diversifique. Boa parte dos investimentos, eventualmente, pode dar errado. Mas os que deram certo puxaram seu retorno médio para cima em proporção considerável. O autor cita que o grande gênio, na realidade, é a pessoa que consegue tomar uma decisão mediana, enquanto todos os outros ao redor estão enlouquecendo.
7. LIBERDADE - ter o controle do próprio tempo é o maior dividendo que o dinheiro pode pagar.
Na minha visão essa é uma verdade absoluta. Se você controla o seu tempo você é o homem mais livre que existe. E o dinheiro é o que pode proporcionar termos mais liberdade de tempo. Ter as rédeas da própria vida talvez seja o conceito de felicidade plena, na minha opinião. A forma mais elevada de riqueza é a possibilidade de acordar todo dia e dizer: “eu posso fazer o que eu quiser hoje”.
8. O PARADOXO DO DONO DO CARRO - ninguém liga para as suas posses tanto quanto você.
A vida não pode ser resumida apenas ao consumismo e a ter bens materiais. Precisamos pensar que SER é mais importante do que TER. E aqui, na minha interpretação, vale também: Experiências são muito mais importantes do que bens. O autor relata que escreveu uma carta para o seu filho com os seguintes dizeres: “Você pode achar que deseja ter um carro novo, um relógio chique e uma casa enorme. Mas, escute o que eu digo, você não quer. O que você quer é o respeito e a admiração dos outros e você acha que coisas caras trarão isso. Quase nunca traz, principalmente das pessoas que você deseja que o respeitem e o admirem”.
9. FORTUNA É AQUILO QUE VOCÊ NÃO VÊ - gastar dinheiro para mostrar às pessoas quanto dinheiro você tem é a forma mais rápida de ter menos dinheiro
Muito mais importa ter do que parecer ter. Fortuna de verdade é ter ativos financeiros ainda não convertidos em coisas que podem ser vistas - “o mundo está cheio de pessoas que parecem modestas, mas que, na verdade, possuem fortunas, e de pessoas que parecem ricas, mas que vivem no fio da navalha”.
10. GUARDE DINHEIRO - o único fator sobre o qual você tem controle gera uma das únicas coisas que realmente importam.
Como já dito, ter dinheiro é ter liberdade. Para tanto, é fundamental guardarmos dinheiro e sermos constantes nos aportes que realizamos. Somente assim conquistaremos a liberdade. “Existem investidores que trabalham oitenta horas por semana para acrescentar um décimo de ponto percentual aos seus retornos, enquanto há dois ou três pontos percentuais de excessos no estilo de vida deles que poderiam ser explorados com muito menos esforço”. Desse modo, concluímos que a partir de determinado nível de rendimentos, tudo que você precisa fazer é não alimentar seu ego.
11. RAZOÁVEL > RACIONAL - buscar ser razoável funciona melhor do que tentar ser friamente racional.
Quando estamos tratando de investimentos é impossível ser estritamente racional. Nosso psicológico não aguentaria tanta volatilidade. O autor disserta que a grande maioria das pessoas não querem estratégias matematicamente ideais. Elas querem estratégias que melhorem a sensação de bem estar à noite, quando botam a cabeça no travesseiro.
12. SURPRESA - A história é o estudo da mudança, mas, ironicamente, ela é usada como mapa para o futuro.
Eventos totalmente aleatórios acontecem com certa frequência e conseguem causar impactos fortes justamente pelo fator surpresa, a história nos mostra isso (Hitler, 11 de setembro, crise imobiliária americana,...). É impossível prever 100% dos eventos futuros, pois há situações que deram certo no passado e que agora podem se mostrar ineficazes. O mundo muda constantemente, com novas tecnologias, com novos setores, enfim, tudo muda.
13. MARGENS PARA IMPREVISTOS - A parte mais importante de um plano é ter um plano para quando o plano não estiver saindo de acordo com o plano.
Guarde o que vou dizer agora: nenhum planejamento financeiro é totalmente inabalável. Se o mundo muda constantemente, o mesmo vale para estratégias de planejamento, por isso é muito importante termos MARGENS de segurança. Os imprevistos acontecem o tempo todo. Riscos como o de ruína financeira estão longe de serem compensatórios, principalmente quando a possibilidade de ganhos é baixa. Não esqueça que o mais importante é nunca sair do jogo e deixar de jogar. Obviamente que é preciso assumir certos riscos para podermos progredir, mas nenhum risco capaz de levá-lo à falência vale a pena.
14. VOCÊ VAI MUDAR - fazer planejamentos de longo prazo é mais difícil do que parece, porque os objetivos e os desejos das pessoas mudam com o tempo.
Ao montar objetivos de longo prazo, precisamos ser razoáveis. De nada adianta termos que trabalhar infinitamente mais e sermos infelizes ou ao mesmo tempo, trabalharmos menos e não termos nada. Há uma necessidade intrínseca de equilíbrio.
15. NADA É DE GRAÇA - tudo tem um preço, mas nem todo preço vem escrito em uma etiqueta.
Não existe almoço grátis. E todo trabalho parece fácil quando não é você que está fazendo. É difícil manter convicções em planejamentos de longo prazo. A volatilidade sempre cobra o seu preço. De qualquer modo, essa volatilidade (risco) é uma taxa para melhores resultados e não uma multa em si.
16. VOCÊ & EU - cuidado com as dicas financeiras de pessoas que jogam um jogo diferente do seu.
Entenda de uma vez só: as pessoas são diferentes e vivem vidas diferentes. O que para alguém pode ser uma necessidade para outra pode ser supérfluo. Entenda o que é melhor para si e para o seus próprios sonhos e perfil, feito isso, invista de acordo.
17. A SEDUÇÃO DO PESSIMISMO - o otimismo soa da mesma forma que um vendedor vendendo um produto. O pessimismo, da mesma forma que alguém oferecendo ajuda.
Precisamos sempre ter expectativas baixas, assim não há surpresas ruins, apenas positivas. “O jeito mais certo de atingir a felicidade é mantendo as expectativas baixas” - Charlie Munger
Além disso, trago aqui uma constatação importante: o pessimista sempre parece, de longe, muito mais inteligente, cativante, mas é o otimista que, no fim do dia, ganha dinheiro.
18. QUANDO VOCÊ ACABA ACREDITANDO EM QUALQUER COISA - ficções encantadoras e por que histórias são mais poderosas do que estatísticas.
Sempre devemos ter muito cuidado com as narrativas. Tendemos a querer achar respostas que façam sentido em tudo, quando na verdade ignoramos o que desconhecemos e o papel da sorte em nossas vidas. Sempre, sempre mesmo, há muito mais a descobrir e a fazer.
19. RECAPITULANDO
- Faça um esforço para ser humilde quando as coisas estiverem indo bem e para se perdoar quando estiverem indo mal.
- Menos ego e mais fortuna.
- Administre seus recursos de forma que você possa dormir em paz.
- Se você deseja se tornar um investidor melhor, a coisa mais poderosa que você pode fazer é aumentar seu horizonte de tempo.
- Não se abale quando as coisas dão errado. Você pode estar errado em metade das vezes e, ainda assim, fazer fortuna.
- Use o dinheiro para ter controle do seu tempo.
- Seja mais legal e ostente menos.
- Guarde dinheiro, só guarde. Você não precisa de um motivo específico para guardar.
- Defina o preço do sucesso e esteja disposto a pagá-lo.
- Faça margem para imprevistos algo sagrado.
- Evite os extremos das decisões financeiras.
- Abrace o risco, porque o tempo o recompensa.
- Defina qual jogo você está jogando.
- Respeite o caos.
20. CONFISSÕES
Neste capítulo, o autor fala sobre a psicologia das suas próprias finanças pessoais. Ele cita a importância de termos uma estratégia e metodologia simples, bem como a diferença que trabalhar duro e ter foco podem fazer nas nossas vidas. Ele também reforça que o segredo do sucesso está na constância e na manutenção dos objetivos e estratégias até porque não temos como ter controle sobre tudo apenas no que agimos, portanto entenda qual o seu objetivo / seu desejo e vá firme atrás dele. Muito mais do que ter os maiores retornos, é ver os seus sonhos se concretizando.
CONCLUSÃO
Como já dito, essa é uma das melhores obras já feitas acerca de planejamento financeiro pessoal. Tentei aqui resumir da forma mais objetiva e completa conforme a minha interpretação, mas recomendo fortemente a leitura do livro, só lendo estudando e colocando em prática é que você vai conseguir absorver o máximo do conhecimento.
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Créditos e Conteúdo Original: https://www.musacapital.com.br/post/psicologia-financeira-voc%C3%AA-tem-que-ler-este-livro